Capa do livro da EdUFSC (2006) |
Na campanha do jornal Notícias do Dia, do Grupo ND, pela
aprovação do Projeto de Lei Complementar 1.801/2019 (do prefeito Gean
Loureiro), que previa a “demolição sumária” de moradias e tramitou em agosto na
Câmara de Vereadores, havia, em reportagem publicada no dia 21 daquele mês,
referência à posição da ACIF (Associação Comercial e Industrial de
Florianópolis). O Grupo ND mostrava-se indignado por causa de emenda dos
vereadores de oposição que retirava o projeto de pauta e assim destacou, em
nota intitulada “Retrocesso”, a manifestação da entidade empresarial: “A Acif (Associação
Empresarial de Florianópolis) emitiu nota onde considera a apresentação da
emenda um retrocesso legal, que funciona como estímulo às invasões e à ocupação
desordenada, em detrimento do desenvolvimento sustentável da cidade”.
Ora! Quem conhece a articulação empresarial que desde os
anos 80/90 busca burlar e/ou modificar a legislação para faturar com a
especulação imobiliária na capital já desdenha o suposto receio da Acif com a
ocupação por ela considerada “ordenada”. E desdenha mais ainda a menção ao
desenvolvimento sustentável, algo que ainda azeita a boca dos grupos dominantes
da cidade, ávidos do lucro que a terra da Ilha da Magia pode lhes proporcionar.
Por isso me pareceu uma boa hora para digitalizar e
disponibilizar a pesquisa que fiz para a dissertação defendida em 2004 no
Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC, com orientação do professor
José Nazareno de Campos, e que em 2006 virou o livro “Quando a palavra sustenta
a farsa: o discurso jornalístico do desenvolvimento sustentável”, publicado
pela Editora da UFSC e esgotado.
A dissertação estrutura-se em três diferentes áreas de
conhecimento, Geografia, Jornalismo e Análise de Discurso, para investigar o
discurso jornalístico do desenvolvimento sustentável e sua relação com o espaço
geográfico. A pesquisa foi um marco a partir do qual, 15 anos depois, em 2019,
aprofundo e defendo, já em tese no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da
UFSC, que o espaço, tanto quanto o tempo, é constitutivo do fazer jornalístico.
Mais uma vez recorri ao Instituto de Estudos
Latino-Americanos (IELA) para, pela jornalista Elaine Tavares – que escreveu o
texto da “orelha” de meu livro – abrigar o PDF da dissertação, que está em
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/218958
Passada década e meia daquela crítica,
a patacoada do tal desenvolvimento sustentável continua a irromper no discurso
de empresários e de jornalistas.
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