quinta-feira, 5 de maio de 2022

Projeto Ambientalistas do Sul SC entrevista o biólogo e professor João de Deus Medeiros

Confira a entrevista em duas partes com o biólogo e professor do Departamento de Botânica da UFSC João de Deus Medeiros, doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (USP). Ele foi diretor do Departamento de Florestas e do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e coordenou a Federação de Entidades Ecologistas de Santa Catarina (FEEC), nascida em dezembro de 1988. João de Deus tem atuação destacada na Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) e na criação de Unidades de Conservação no estado de Santa Catarina. Ele fala sobre as principais lutas da FEEC em Florianópolis e no estado de Santa Catarina e as repercussões no país e conta como se deu a estruturação da política de meio ambiente do município de Florianópolis, incluindo a criação da Floram.

O vídeo faz parte do projeto "Ambientalistas do Sul – Memória e História", com entrevistas de ambientalistas que participaram da consolidação da temática na Região Sul do Brasil. O projeto é uma iniciativa da EcoAgência de Notícias Ambientais, com apoio do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS) e do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (GPJA/UFRGS). A entrevista foi gravada no dia 12 de abril de 2022 em Florianópolis.

PARTE 1: 


PARTE 2:





A reportagem a pé sobre meio ambiente

 


Imagem: capa do livro no site da Blooks Livraria

O livro “Andar a Pé - Uma Obrigação Profissional” (Ibis Libris, 2021), coletânea de reportagens do jornalista Rogério Daflon, é alimento saboroso para quem trabalha com a pauta ambiental e concretiza, na prática profissional, a máxima de que lugar de jornalista é na rua. A obra, lançada em dezembro passado, reúne 45 textos de Daflon publicados em diferentes veículos, agrupando-os em cinco eixos temáticos: Moradia, Meio Ambiente, Uso e ocupação do solo e do espaço público, Obras e equipamentos públicos e Patrimônio arquitetônico e cultural. A iniciativa se viabilizou graças a uma vaquinha virtual realizada após a morte do jornalista, nove dias depois de ser atropelado por um motociclista no Rio de Janeiro em 2019. 

Dos sete textos do eixo temático Meio Ambiente, três compõem a série “Desleixo Insustentável” (jornal O Globo, março de 2012) e uma a série “Os Rios do Rio” (jornal O Globo, 2012). A última, de junho de 2019, é a entrevista derradeira de Daflon, para O Eco, abordando os impactos que o projeto – posteriormente retirado – de um autódromo provocaria na Floresta do Camboatá, remanescente de Mata Atlântica na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. 

Os textos trazem a marca do repórter que baixou ao chão, como nas entrevistas com moradores das margens de rios apodrecidos por esgoto para a série “Os Rios do Rio”. O “método Daflon”, conforme definem os colegas de trabalho em testemunhos publicados no livro, evoca os escritos de Anton Tchékhov reunidos em “Um bom par de sapatos e um caderno de anotações: como fazer uma reportagem” (Martins Fontes, 2007), com impressões e conselhos do contista russo que, em 1890, aos 30 anos, percorreu 12 mil quilômetros para conhecer a vida de deportados na Ilha de Sacarina. Uma extravagância, disse-lhe seu editor. Ele foi assim mesmo. 

Destacam-se, no eixo Uso e ocupação do solo e do espaço público, três reportagens. Em “Roubaram a praia do Vidigal” (Agência Pública, 2017), Daflon mostra como o Sheraton Grand Rio Hotel & Resort, no Leblon, se apossou do acesso à praia, restando aos moradores subir e descer uma escadaria de 141 degraus. Na reportagem “Os prédios que violaram o ‘skyline’ do Rio” (Agência Pública, 2017), o jornalista relata o processo de ocupação céu acima da capital fluminense. “Rogério trouxe a brilhante ideia de consideramos o skyline como um espaço público, tão passível de ser gozado pelos cidadãos como uma praça ou a própria praia (...)”, escreve a jornalista Natalia Viana, da Agência Pública, na abertura do conjunto de textos. 

Para as matérias, Daflon trazia a vida cotidiana, a singularidade do espaço geográfico e também o conhecimento acumulado na academia ao entrevistar professores e pesquisadores. Ele mesmo era um, tendo concluído mestrado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ com dissertação intitulada “Ribeirinhos urbanos: uma vida à margem do direito à moradia”. Em matéria para a Casa Fluminense (2014) sobre o conjunto habitacional popular Cruzada São Sebastião, no Leblon, menciona que passou os olhos por cerca de 100 reportagens sobre o lugar antes de passar alguns dias lá para produzir seu próprio texto. 

Por fim, cita-se a reportagem “Condomínio Laranjeiras: segregação, ameaça e processos em Paraty” (Agência Pública, 2017), que expõe a forma pela qual um empreendimento privado para milionários se apossou, nos anos 1970, de parte do que viria a ser o Parque Nacional da Serra da Bocaina. A reportagem traz à memória outra, “Histórias de uma aldeia visitada pelo medo”, feita pelo jornalista Marcos Faerman sobre o mesmo fato e publicada originalmente no Jornal da Tarde em abril de 1974, sendo depois selecionada para a coletânea “Com as mãos sujas de sangue”, podendo ser lida em https://bit.ly/3jY1vxZ (a partir da página 115 do livro). Com intervalo de quatro décadas, Faerman e Daflon revelam o início e a consolidação do assalto imobiliário do litoral brasileiro tendo como epicentro as cobiçadas praias fluminenses. E em ambos aparecem também os que continuamente lutam para não serem acossados do espaço pelos que perseguem apenas o lucro. 

Por isso, o olhar do jornalista que anda nas ruas e se apropria da plenitude do espaço geográfico e das vozes que vêm de suas profundezas, dando-lhes audibilidade e visibilidade, é efetivamente inovador da linguagem, portanto revolucionário.

Originalmente publicado em https://jornalismoemeioambiente.com/2022/04/25/a-reportagem-a-pe-sobre-meio-ambiente/

Projeto Ambientalistas do Sul SC entrevista o biólogo e servidor público Márcio Silva



Confira a entrevista com o biólogo, mestre em Botânica e estudante de Geografia Márcio Silva. Ele representou o movimento ambientalista do Sul do Brasil no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA e no CONAMA, atuando ainda no Grupo Pau Campeche, na Associação Caeté: Cultura e Natureza e na Federação das Entidades Ecologistas Catarinenses, a FEEC. Atualmente, integra o Observatório de Áreas Protegidas (OBSERVA) da UFSC, coordenado pelo geógrafo Orlando Ferreti, professor do Departamento de Geociências da Universidade. Márcio fala sobre as lutas na instância institucional e no movimento social e analisa, como servidor público na Câmara Municipal de Florianópolis, o papel do Legislativo na temática ambiental.

O vídeo faz parte do projeto "Ambientalistas do Sul – Memória e História", com entrevistas de ambientalistas que participaram da consolidação da temática na Região Sul do Brasil. O projeto é uma iniciativa da EcoAgência de Notícias Ambientais, com apoio do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS) e do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (GPJA/UFRGS). A entrevista foi gravada no dia 2 de maio de 2022 em Florianópolis.

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Memórias do primeiro jornal

Meus 20 anos na redação da FH Eu era auxiliar de escritório em uma rede de supermercados de Caxias do Sul em meados de 1990. Entrava na segu...